sábado, 23 de outubro de 2010

Aquela amizade

Sinto tanta falta do tempo que a gente andava junto,
das risadas que eram compassadas...
Das piadas sempre mal contadas.
Mas me lembro bem da amizade que a gente carregava,
era enorme quase no coração não dava.
Se você fosse tropeçar, eu corria pra tirar aquela pedra do caminho.
Se você estava triste me esforçava pra tirar de você um sorrizinho.
Se sua lágrima caisse eu estava bem ali esperando pra secar.
Mas como minha mãe dizia:
-Um dia a gente cresce, e infelizmente alguma coisa a gente esquece.
E a gente se esqueceu de como era bom..
Quando era você e eu.
O sorriso, a alegria, o mundo de fantasia...
A amizade que a cada dia se construia.
O castelo desabou, a água do mar levou.
Mas as marcas da areia, como você, em minha vida ficou.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nick

É bom lembrar do seu jeito.
Estabanada, bobona, brincalhona.
Uma postura de dar medo, imponente.
Mas os olhos meigos, cheios de carinho.
Uma recepção cheia de pulos e latidos.
A alegria se mostra nas suas atitudes.
Companheira, sempre pronta pra um passeio.
Protetora, zelava por nosso lar como ninguém.
Dava sua vida para nos manter seguros.
Carinhosa, se esparramava toda pra ganhar um carinho.
Foi tão fácil gostar de você.
Aquela que demonstrava alegria,
mesmo quando eu não sorria.
Que se abanava toda, mesmo quando brigavam contigo.
Mesmo sem poder dizer nada, passava muita coragem, amor, afeto.
Por pessoas que talvez nem sempre lhe davam atenção.
Mas há sempre a hora em que o amigo parte.
E assim foi.
Você vai ficar guardada pra sempre em minha memória..

Au Au Au...

(Pra minha cachorrinha linda Nick)
Partiu sem dizer adeus.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Marcas de um retirante

Trago marcas de uma vida ... vivida.
No rosto as marcas dos dias.
Do sol que fincou minha sombra no chão.
Da chuva que a borrou.
Que se confundiu entre minhas lágrimas.
Carrego nos braços a vontade de vencer.
Correr, chegar o mais longe possível.
Nos pés, calos de um caminho difícil.
Nas roupas, carrego poeira.
Cada grão de experiência que vivi.
Uma história que aprendi.
Um senhor gentil que conheci.
Lembro-me da mão estendida.
Ainda sinto o calor de sua acolhida.
Percorrer uma vida para viver.
Saber que me criei do barro.
Nas estradas, na casa pequena.
Uma criança miúda, sem chance na vida.
Um olhar cheio de esperança.
E grande vazio na barriga.
Barriga que ronca..
ronca...
ronca... acorda...
Ah, vida que passou.
A criança ja não é miúda.
A barriga já não ronca.
O espelho mostra que os olhos ainda trazem esperança.
Já cresci, venci, vivi.
Nada mais importa, se eu continuar sendo eu.
Se os olhos não brilharem, e o sorriso não se abrir,
ai então a estrada termina. A poeira baixa.
O sol não me cega. A fome não mata.
Afinal.. vivi, venci, morri.